A música popular contemporânea sob a ótica da Escola Sociológica de Frankfurt. Instrumento de alienação ou de libertação?

Alex de Araújo Pimenta

Resumo


O artigo apresenta os pressupostos da Escola de Frankfurt acerca dos meios de comunicação de massa e sua influência no ambiente cultural, tomando como foco a música popular. O objetivo é verificar, com fundamento científico, percepções há muito percebidas - em meios leigos - de que a música não erudita propagada pelos meios de comunicação de massa – especialmente brasileiros e atualizando-os frente às novas mídias - salvo exceções, tem caráter estritamente comercial, de alienação e de padronização, mediante pouco espaço passível de despertar senso crítico nos cidadãos. Para isso, buscou-se compilar na pesquisa bibliográfica preceitos clássicos da Teoria Crítica e da Sociologia da Música, alinhando-os à contemporaneidade, a partir de pesquisas de terceiros junto ao público consumidor, dissertações, obras cuja temática é a música popular brasileira e mundial, contextualizando-as, inclusive, com reportagens sobre a questão. Também são referenciados no texto a efemeridade programada da música, não apenas na era da internet, mas desde as classificações dos hits por semanas nas paradas de sucesso, a exemplo da revista norte-americana Billboard; a mudança pelo qual o Brasil sofreu com o ápice e a decadência de meios tradicionais de difusão musical, notoriamente o rádio e a venda de CD´s; pesquisas sobre os atuais meios de influência sobre os jovens; bem como o reconhecimento, por vezes póstumo, das qualidades de artistas populares. De plano nota-se que persiste a dificuldade de fixação da diversidade, da cultura efetivamente regional e da primazia do conteúdo artístico, mesmo diante das inovações tecnológicas, que em tese possibilitariam uma revolução neste sentido. Não obstante, são apresentados movimentos recentes, ainda que isolados, na internet e em poucas rádios e TV´s comunitárias e educativas, em uma tímida emergência de culturas locais, paradoxalmente num contexto de globalização. Com isso, percebeu-se que o problema não está nos meios, mas na forma como eles são usados, na linha do que há muito já defendiam os precursores da escola sociológica em menção. Por outro lado, conclui-se que a indústria cultural, especialmente da música, também permitiu a difusão de conteúdos artísticos de excelência. Para tanto, buscou-se o pensamento de Edgar Morin e Umberto Eco, que em linhas mais moderadas, reconheceu méritos nessa indústria. Muito mais que a distribuição de discos, CD´s e programações em rádios e TV´s fulcradas na chamada música erudita, destaca-se o fomento de obras que, embora classificadas como populares, tem reconhecida qualidade artística, estética e, por vezes, revolucionária, a ponto de promover a quebra de paradigmas, o respeito e a conquista de direitos, a cidadania, a união e até mesmo a paz, mudanças tão necessárias ao contínuo desenvolvimento humano.

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