Corredor Cultural abre exposição sobre líder da Revolta da Chibata


Há muito tempo, nas águas da Guanabara,
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu.
Conhecido como almirante negro,
Tinha a dignidade de um mestre-sala (…)
(Mestre-Sala dos Mares – João Bosco e Aldir Blanc)

A exposição itinerante “João Cândido – A luta pelos Direitos Humanos”, montada pela Casa da Cultura Macedo Miranda, está aberta à visitação no Corredor Cultural da Faculdade Dom Bosco. Através de painéis com fotografias e textos, pode-se conhecer a história do movimento denominado Revolta da Chibata, deflagrado em 1910 sob a liderança do marinheiro negro João Cândido Felisberto, denominado o Almirante Negro.

O movimento foi motivado pela forma desumana como a Marinha de Guerra tratava os marinheiros, em sua maioria negros que eram recrutados à força e jogados nos porões dos navios. Os marujos exigiam o fim dos castigos com chibata, melhores soldos, alimentação digna e anistia para todos os revoltosos.

Sob a mira de canhões

Os revoltosos, num total de 2.400 marujos, dominaram a esquadra de quatro navios e, com os canhões apontados para a cidade do Rio de Janeiro, enviaram a mensagem para o Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca: ou suas reivindicações eram atendidas ou “bombardearemos a cidade”.

Os marinheiros conseguiram derrubar a norma interna da Marinha que permitia a chibata e também a assinatura do decreto da anistia. Depois o Governo voltou atrás e prendeu alguns revoltosos da liderança, inclusive João Cândido que ficou dois anos no presídio. Entre 1910 e 1912, cerca de 1200 marinheiros revoltosos foram expulsos da Marinha.

A Revolta da Chibata foi contada, com sensibilidade e poesia, na bela composição “Mestre-Sala dos Mares”, de autoria de João Bosco e Aldir Blanc, interpretada com grande sucesso por Elis Regina, na década de 70.


Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos
Entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então (…)
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o almirante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais.

SERVIÇO:

Local: Campus da AEDB
Av. Cel. Prof. Antonio Esteves – nº 1 – Campo de Aviação

Horário de Visitação: até 27 de março, de 9h às 22h